Na esquina da Avenida Leste-Oeste com a Rua Ouro Preto, no Centro de Londrina, crianças e adultos viciados em crack perambulam dia e noite sem nenhum pudor. Bem embaixo do nariz das autoridades, e em um dos principais pontos de circulação da cidade, uma cracolândia está se formando, evidenciando um enorme problema social.
As abordagens da polícia são constantes, mas a degradação do espaço público e o número de pessoas que frequentam esse endereço está apenas a aumentar e o que está se fazendo se resume em apenas enxugar o gelo. São pessoas que caíram no mundo das drogas, e hoje protagonizam a cena lamentável, em uma cidade com pouquíssima assistência social.
O problema já é conhecido, mas pouco caso é feito dele. Mesmo a PM agindo para inibir o tráfico, por muitas vezes ele muda de local, mas a reunião dos usuários acontece sempre ali. Não se trata de uma situação que exige somente a atuação da polícia, mas sim de um problema crônico que coloca a cidade diante de um desafio muito maior. A drogadição é real e desnuda a face desse lado de Londrina – longe das Glebas, mais perto da periferia.
A reportagem do 24H News acompanhou momentos da rotina dos viciados na rua Ouro Preto. Um garoto de uns 13 anos se aproxima e pergunta se ele iria aparecer na TV. Respondo que não, e emendo questionando o porque dele estar ali. “Minha mãe e meu pai são tudo [sic] errado na vida. Não tem ninguém por mim“, diz com ar de lamentação.
Aproveito o diálogo com o garoto para tentar descobrir como é a vida naquele estado. “As pessoas ajuda pra nós comer [sic]. A gente faz bico ou pede no sinal“, emenda o menino. Ele não se lembra quanto tempo está ali, e tampouco se recorda da última vez que foi à escola.
Enquanto conversava com o garoto, outras pessoas olham desconfiadas e tentam se esconder. O medo delas se justifica. Mesmo estando no Centro da cidade, o entorno daquele ponto é hostil e um tanto degradado. O ar é mais pesado e todos que passam, andam rápido ou fecham as janelas do carro. É uma forma de isolar-se desses que para muitos são considerados ‘sub-humanos’ ou no mais grosso dito popular – noiados.
Se nada for feito, é questão de tempo para que essa situação piore e mais pessoas passem a frequentar essa rua que se vocaciona para ser a cracolândia oficial de Londrina. Ali rola de tudo, desde tráfico à prostituição. Brigas também são constantes, fora o barulho na madrugada que tanto incomoda moradores das redondezas, que fartos desse descaso pensam em se mudar.
“É impossível. Morar aqui é ser abordado toda hora por pedintes ou andarilhos. E eles não querem dinheiro para comprar comida não. Querem dinheiro para comprar pedra”, esbraveja o morador de um imóvel mais pra baixo, na mesma rua, que prefere o anonimato.
A prefeitura nada faz. Ou sequer tenta fazer. É mais vantajoso fechar os olhos para o problema e varrer a sujeira pra baixo do tapete. Afinal, nossa Câmara Municipal também está mais preocupada com leis estúpidas, e alguns vereadores mais empenhados em falar de Bolsonaro ou de Lula, do que resolver os problemas que afligem Londrina de verdade.
Pra muitos, é mais fácil julgar os nóias, do que ajudá-los a sair daquela situação e ter um pingo de dignidade na cidade da qual eles também são filhos. Até quando?
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