O Grupos de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), que deflagrou a Operação ZR3, cujo foco das investigações é um esquema de corrupção nas mudanças de zoneamento urbano, interceptou conversas entre os investigados e encontrou “provas contundentes”, nas palavras do delegado Alan Flore, de organização criminosa. As informações são da Paiquerê.
Em conversa registrada em 4 de abril de 2017, o empresário Luiz Guilherme Alho, afastado do Conselho Municipal da Cidade, conversa com vereador Rony Alves, também afastado, sobre o Conselho da Cidade (Concidade). Eles comentam que o vereador Filipe Barros já estaria pronto para discursar contra o projeto e que o vereador Eduardo Tominaga estaria sendo “cevado”.
As investigações do Ministério Público (MP) apontam que membros do CMC e vereadores afastados tentavam impedir a implantação do Concidade, já que “a criação de um novo conselho alteraria profundamente a composição do CMC, prejudicando os planos da associação criminosa”.
Em outra gravação, registrada em 17 de novembro de 2017, Ignês Dequech, ex-presidente do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Londrina (Ippul) e também afastada do CMC, conversa com Alho e Rodrigo Zacaria, presidente do Conselho, sobre reunião realizada no mesmo dia. Ela afirma que a maioria dos participantes da reunião representava o poder público, “que não quer que os vereadores alterem o Plano Diretor conforme o narizinho deles”. Alho questiona, então, quem “do nosso time” estava presente. À época, um projeto do vereador Filipe Barros, que exige 1/3 das assinaturas dos vereadores para ser protocolado, estava em análise. Na gravação, Ignês sugere que, “se fosse o caso, a gente tirava de pauta. Quando for assim, a gente tem que se articular antes”.
Uma terceira gravação interceptada pelo Gaeco revela conversa entre Homero Wagner Fronja, um dos alvos da investigação, e um advogado. Fronja afirma que “na Prefeitura de Londrina nós não precisamos de ninguém. Eu consigo o que você quiser lá dentro, é só ter um pouquinho de paciência“.
ADVOGADO MENOSPREZA INVESTIGAÇÕES
O advogado de Rony Alves, Maurício Carneiro, afirmou à Paiquerê que as denúncias contra o vereador afastado são “um absurdo. Em nenhum momento ele recebeu [propina] e em nenhum momento ofereceram para ele. Não é a forma do Rony trabalhar. É um vereador que cobra a moralidade e a legalidade”.
Carneiro está convencido de que não há provas que culpem seu cliente. “Por que cumpriram mandado de busca e apreensão e não levaram a acusação junto? Os advogados demoraram mais de um dia para ter acesso ao processo. Convido as pessoas de bem a lerem a acusação e a me questionarem onde o Rony teve uma conduta que não foi política”, questionou.
Alan Flore, delegado do Gaeco, rebateu as declarações. Também à Paiquerê, ele afirmou que, “se o conjunto comprobatório já era bastante sólido, posso garantir que, a partir de quarta-feira passada, quando cumprimos mandados de busca domiciliar, o conjunto comprobatório foi fortalecido. Temos provas contundentes que eliminam completamente a narrativa de que tudo é fruto de interpretação”.