A promotoria do Ministério Público do Paraná (MP-PR) pediu à Justiça a demissão de oito policiais civis envolvidos com um esquema de jogos de azar em Londrina. Parte do grupo também está sendo investigada por desvio de mercadorias apreendidas.
Em fevereiro de 2020 aconteceu a primeira operação contra o grupo. Na ocasião, sete policiais civis foram presos suspeitos de desviar parte de uma carga de produtos contrabandeados.
As mercadorias que tinham vindo do Paraguai foram apreendidas em um apartamento na cidade e, de acordo com a Corregedoria da Polícia Civil, uma parte, avaliada em R$ 450 mil, ficou com os policiais. Os produtos eram celulares, tablets e outros eletrônicos.
De acordo com a Polícia Civil, os sete policiais foram soltos seis meses depois e continuam respondendo o processo em liberdade. Eles estão afastados do serviço e seguem recebendo os salários, pois tem este direito até o julgamento do processo, o que não tem previsão de acontecer.
Atualmente, a maioria dos integrantes deste primeiro processo também foi denunciada em outra ação por improbidade administrativa, por conta de irregularidades cometidas durante os serviços.
A ação, batizada de Operação Imperium, no ano passado levou policiais militares e comerciantes para a cadeia por causa da exploração de jogos de azar. Eles estão em liberdade e aguardam julgamento.
ESQUEMA
De acordo com o Ministério Público, os policiais civis também tem envolvimento com o esquema. A promotoria disse à Justiça que oito policiais civis, além de cinco pessoas, formaram uma organização criminosa para se enriquecer ilicitamente com a exploração de jogos ilegais.
Havia pagamento de propina para que os policiais fizessem vista grossa no exercício de suas funções, ou seja, não fiscalizassem os atos ilegais e ainda repassassem informações privilegiadas de operações policiais.
Dessa forma, conforme a denúncia, isso permitia que os envolvidos no esquema escondessem máquinas caça-níqueis e equipamentos de bingos ilegais, dificultando o trabalho dos outros policiais.
INVESTIGAÇÃO
Conforme o MP, foram identificados depósitos que totalizaram R$ 15 mil para um dos policiais, além de pagamentos menores a outros.
A investigação aponta também que, mesmo presos, alguns dos agentes continuaram recebendo essas propinas, de modo a mantê-los associados e evitar que eles denunciassem irregularidades.
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) apurou que as vantagens indevidas recebidas pelos policiais também incluíram uma espécie de churrasco promovido no interior da carceragem onde ficaram presos em Curitiba.
A promotoria pede na ação que os policiais civis continuem afastados do serviço, e ao final do processo, sejam demitidos por justa causa.
Os advogados dos policiais negaram envolvimento deles no esquema de corrupção anterior. Neste processo, a defesa disse que eles não foram informados sobre as acusações, e que por isso, ainda não se pronunciaram.