O homem suspeito de matar a golpes de faca dois jovens em Londrina, e ferir outra, foi indiciado por homicídio com seis qualificadoras. As vítimas estavam dormindo em casa na hora em que o ataque começou, de acordo com a polícia.
De acordo com o delegado João Reis, responsável pelo caso, o homem deve responder por homicídio doloso, com qualificadoras de motivo torpe e fútil; motivo que impossibilitou a defesa das vítimas; violência doméstica, tentativas de homicídio e de feminicídio.
A perseguição, tentativa de feminicídio e violência doméstica, para a polícia, foram contra a sobrevivente, uma jovem de 22 anos. Ela era o alvo do ataque, segundo as investigações. O caso foi 3 de setembro, no Jardim Jamaica.
À polícia, a sobrevivente relatou que o homem a “stalkeava” nas redes sociais e tentava forçar um relacionamento amoroso. O termo, em inglês, significa perseguição, e passou a ser considerado crime em 2022.
Morreram no ataque a jovem Júlia Beatriz Garbossi Silva, 23 anos, amiga da sobrevivente; e Daniel Takashi, 22 anos, namorado da sobrevivente.
Segundo a polícia, ambos foram esfaqueados e morreram no local. A sobrevivente disse que eles tentaram protegê-la do ataque.
A partir do indiciamento, o caso é enviado para o Ministério Público do Paraná (MP-PR) que pode, ou não, oferecer denúncia contra o homem.
Em nota, a defesa do suspeito, Aaron Delece Dantas, disse que o jovem teve “uma crise de esquizofrenia“. A defesa pediu um exame de insanidade mental para determinar se é semi-imputável, ou inimputável.
Delegado disse que jovens foram mortos por motivo torpe Segundo o delegado, o suspeito está preso preventivamente no Complexo Médico-Penal (CMP) em Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba (RMC), e passou por uma avaliação psicológica.
Quanto ao caso do Daniel e da Júlia, ocorreu o crime de homicídio qualificado por motivo torpe e que impossibilitou a defesa das vítimas, já que estavam dormindo na hora dos fatos. Torpe porque ele diz que os jovens estavam no lugar errado e na hora errada'”, falou o delegado.
Conforme o delegado, o resultado exame de sanidade mental será juntado ao processo para definir se o suspeito irá responder pelas qualificadoras apresentadas ao MP-PR.
‘Stalker‘
Conforme a jovem, o suspeito perseguiu a vítima nas redes sociais. Dias antes do crime, ele criou perfis fakes para tentar se aproximar. Sem sucesso, decidiu ir até a jovem pessoalmente.
Ao delegado João Reis, responsável pelo caso, ela contou que os dois trabalharam juntos, e o rapaz, nos últimos meses, demonstrou interesse em ter um relacionamento amoroso com ela. Ela disse, entretanto, que deixou claro ao homem que queria somente a amizade.
“Parecia que ele entendia, mas depois ficava muito em cima. Comecei a ficar assustada […] que eu não tava interessada e achava melhor ele se afastar. Aí ele começou a se tornar bem invasivo.”
O que é ‘Stalking’
O termo significa perseguição em inglês e é considerado crime no Brasil desde 2022.
A prática é mais conhecida nos meios digitais, mas a lei prevê condenações para quem cometer o crime em qualquer meio, seja digital ou físico. A lei também definiu que será enquadrado no crime quem restringir a capacidade de locomoção da vítima.
Antes da lei, a prática de “molestar alguém ou perturbar-lhe a tranquilidade” era considerada contravenção penal, e não crime, e tinha como pena a prisão de 15 dias a dois meses, ou multa.
A pena de reclusão será aumentada em metade caso o crime seja cometido:
- contra criança, adolescente ou idoso;
- contra mulher por razões da condição do sexo feminino;
- por duas ou mais pessoas, ou com o emprego de arma.
Veja quais os sinais que podem indicar uma perseguição:
- Várias mensagens ou ligações no mesmo dia;
- O perseguidor, após ser bloqueado nas redes sociais ou aplicativos de conversas, começa a criar vários perfis falsos;
- O perseguidor começa a monitorar os locais em que você vai.
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