Delator diz que Richa e políticos foram beneficiados com desvios da educação

Redação
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CURITIBA, PR – O dono da construtora Valor, Eduardo Lopes de Souza, apontado como principal delator da Operação Quadro Negro, teve trechos de seu interrogatório divulgados pela RPCTV nesta segunda-feira (14) durante edição do telejornal estadual ‘Paraná TV’.

A investigação denominada ‘Operação Quadro Negro’ apura desvios de R$ 20 milhões que seriam destinados a construção e reformas de escolas estaduais durante o governo Beto Richa (PSDB). No depoimento, prestado na semana passada, Lopes explicou como funcionava o esquema de desvio e deu nomes de políticos que, segundo ele, foram beneficiados pela fraude.

O processo tramita na Justiça Estadual e está na fase de colher novos depoimentos dos réus. A Justiça aguarda agora o depoimento do ex-diretor da Secretaria Estadual de Educação do Paraná (Seed) Maurício Fanini, que está preso em Brasília, no Distrito Federal.

Durante o interrogatório, o dono da Valor reafirmou o que havia dito na delação que fez em Brasília, e que foi homologada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) através do ministro Luiz Fux, relator da Quadro Negro na corte.

10% DE R$ 6 MILHÕES

Segundo Eduardo Lopes de Souza, o deputado estadual Plauto Miró (DEM) pediu que ele pagasse 10% de propina do valor total de R$ 6 milhões para liberar aditivos da construção de escolas. Sendo que desse valor, 5%, ou R$ 300 mil, seriam destinados ao então chefe da casa-civil Valdir Rossoni, atualmente deputado federal pelo PSDB.

Aí ele chegou lá e falou ‘Olha Eduardo, eu quero 10%… 5% pra mim e 5% pro Rossoni. Paguei R$ 300 mil em dezembro […] Entreguei o dinheiro lá na 1ª Secretaria […] O segundo pagamento entreguei numa panificadora no Batel. Os dois pagamentos foram pessoalmente pra ele (Plauto Miró).

A defesa de Plauto Miró disse que não vai se manifestar a respeito do novo depoimento. Já os advogados de Valdir Rossoni disseram que Eduardo estaria ‘faltando com a verdade’.

Eduardo Lopes de Souza ainda disse ao juiz que repassou dinheiro das obras de escolas estaduais para a campanha do deputado estadual Tiago Amaral, do PSB, em 2014. A transferência dos valores foi chancelada pelo pai de Tiago, atual presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE-PR), Durval Amaral, que o agradeceu pessoalmente

Vou dar R$ 50 mil pra começar, durante a campanha, aí eu fui e marquei no comitê dele (Tiago Amaral) […] Entrei, Claudinha me atendeu, aí entreguei o dinheiro pra Claudinha… Claudinha sai e entra o Durval, me agradece e eu combinei ali: ‘Eu tenho um pedido… Não tirar o Fanini da Fundepar, segurar o Fanini onde ele tá’ […] Depois vou lá na sala, o Tiago tá do lado, agradeço, falo com o Tiago e ele me agradece e tal.

O presidente do TCE-PR, Durval Amaral, disse em nota que o depoimento de Lopes é uma retaliação a ele, e que foi ele quem mandou suspender pagamentos, aditivos e contratos das obras, destruindo o esquema que o empreiteiro participada. O deputado Tiago Amaral, por sua vez, disse que as denúncias não são verdadeiras, e quanto mais rápido avançarem os procedimentos, antes vai ser esclarecido que ele não tem nada a ver com a investigação.

Cláudia Gregório, chamada de ‘Claudinha’, e que atuou como correligionária de Tiago Amaral em 2014, não respondeu os questionamentos da reportagem.

PAGAMENTOS A VALDIR ROSSONI E CAMPANHA DE RICHA

Ainda no depoimento, o delator contou que houve pagamento de propina para o assessor do deputado federal Valdir Rossoni (PSDB), Gerson Nunes, relacionado a obras em Bituruna, no sudeste do Paraná.

O dono da construtora também afirmou que chegou a entregar dinheiro em 2014, para ajudar em campanhas do ex-governador Beto Richa (PSDB), e do irmão dele e ex-secretário de Infraestrutura e Logística, Pepe Richa, além do filho Marcello Richa, todos do PSDB.

O delator disse ainda que fez quatro pagamentos de R$ 100 mil ao presidente de Assembleia Legislativa, Ademar Traiano (PSDB) em 2014. O pagamento seria de R$ 100 mil, em dinheiro vivo. O valor foi entregue nas duas salas da liderança do governo na Assembleia em 2014, uma entrega aconteceu na sala da presidência da Casa, e outra na residência de Traiano. O parlamentar disse que assegura a lisura de suas ações, e que a justiça deve agir na plenitude de suas competências.

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