Documentos obtidos com exclusividade pelo Portal 24Horas revelam uma tentativa do jornalista Oswaldo Eustáquio em chantagear a ministra Damares Alves, responsável pela pasta da Mulher, Família e Direitos Humanos no Governo de Jair Bolsonaro.
Eustáquio tentou por duas vezes marcar agenda com a ministra, mas teve os pedidos negados. Ele ainda tentou ser incluído em um programa de proteção a ativistas dos direitos humanos, e também não foi aceito pelo ministério. A esposa dele, Sandra Terena, chegou a ficar nomeada por um ano na pasta como Secretária Nacional de Políticas Promoção de Igualdade Racial com salário de R$ 17 mil mensais.
A aproximação do jornalista da ministra aconteceu neste período. Por várias vezes ele esteve no ministério para requerer informações, reuniões e até mesmo tinha acesso a informações privilegiadas e sigilosas, que eram repassadas por Sandra Terena enquanto secretária.
Em novembro de 2020, Oswaldo Eustáquio enviou para a própria ministra uma denúncia contra ela mesma por “prevaricação” no caso envolvendo a sua prisão e de outros sete militantes extremistas. Eustáquio se valeu de seu prestígio por parte do governo Bolsonaro para pressionar Damares a interferir na sua prisão, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
As “denúncias” foram feitas em 27 de novembro contra Damares e também contra outros dois servidores: Flávio Gusmão e Fernando Pereira – o primeiro, chefe de comunicação do MDH e o segundo, ouvidor na mesma pasta dos Direitos Humanos. A efetividade da denúncia no entanto é o que reflete a chantagem.
Acontece que Oswaldo contatou a própria ministra para denunciá-la no objetivo de criar um “fato de mídia” contra Damares, que já vinha sendo perseguida pelo jornalista após a exoneração de Sandra Terena.
No mesmo conteúdo, Eustáquio ainda acusou Flávio Gusmão de vazar ‘informação sensível’ para a imprensa. A tal informação sensível seria uma denúncia recebida por meio do Disk 180 sobre supostas agressões dele contra a esposa Sandra Terena. Na ocasião, uma reportagem da Folha de S.Paulo revelou o caso.
As agressões teriam sido motivadas por um áudio onde um homem chama Sandra de “pocahontas” (personagem da Disney), no entanto, tais alegações não chegaram a ser comprovadas, mas foram alvo de investigação por parte do Ministério Público.
QUEDA DA MINISTRA
Segundo a própria ministra, em uma publicação no Twitter, desde a exoneração de Sandra, Oswaldo teria passado a “conspirar” pela queda dela. Uma fonte em Brasília afirmou que o jornalista chegou a ir até o gabinete de Damares e fez escândalo depois que Sandra perdeu o cargo.
Atualmente, Oswaldo cumpre prisão domiciliar em uma mansão alugada em abril de 2020 por R$ 7 mil mensais, no Lago Sul, uma das regiões mais nobres de Brasília.
A casa teria sido alugada dando como garantia os rendimentos mensais de Sandra, enquanto secretária nacional.
A reportagem em Brasília não localizou o jornalista para comentar o assunto.