O deputado federal Paulo Eduardo Martins (PSC-PR), presidente da comissão especial na Câmara que avalia a implantação do voto impresso, acatou o pedido do relator da proposta, deputado Filipe Barros (PSL-PR) para adiar a votação do texto, e assim evitou uma possível derrota do projeto.
Tanto Martins como Barros são favoráveis ao projeto. Na sessão desta sexta-feira (16) houve indícios de que a tendência era da rejeição da emenda. As informações são do Poder 360.
Paulo Martins comentou que era preciso dar mais tempo ao relator Filipe Barros para analisar a sugestão de deputados e propor alterações no texto. Em seguida ele encerrou a sessão.
Os opositores da proposta do voto impresso somam maioria no colegiado e tentaram reverter a decisão para votá-la ainda hoje. No entanto, sem sucesso, ela só deve ser apreciada depois do recesso do Legislativo, que termina no começo do mês que vem.
Por conta da decisão de encerrar a sessão, Paulo Martins foi chamado de “picareta” pelo deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). Fernanda Melchionna (PSOL-SP) afirmou que o que estava acontecendo era uma “palhaçada” e que o prazo para que Filipe Barros fizesse alterações no texto já estava esgotado.
Barros apresentou o relatório da PEC em 28 de junho. O texto determina que coexistam o voto eletrônico, com o voto impresso. Mas também impõe preferência para a contagem das cédulas de papel em vez dos votos digitais.
As regras só valem em 2022 se as alterações foram aprovadas até outubro deste ano.
DERROTA
O deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) pediu a inversão da pauta para que o projeto fosse votado mais rapidamente. Ganhou por 19 votos a 10. Já a deputada governista Caroline de Toni (PSL-SC) pediu que o projeto fosse retirado de pauta, e perdeu por 22 a 12.
O voto impresso é uma bandeira do presidente Jair Bolsonaro. Filipe Barros e a autora do projeto Bia Kicis (PSL-DF) integram o núcleo duro de apoio ao presidente, que já chegou a dizer que “não haveria eleição em 2022 sem voto impresso”. A fala dele causou reações na política.
A ideia ainda conquistou pouco apoio fora da rede bolsonarista. Partidos de oposição e de centro chegaram a se unir para derrotar o projeto ainda na comissão especial, antes mesmo que ele fosse submetido ao plenário.
O líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR) foi alfinetado por outros deputados ao votar pela retirada de pauta do projeto.
“O Governo quer aprovar o voto impresso”, disse quando era discutido o requerimento.
Ele ouviu na hora: “De onde vai tirar R$ 2 bilhões (para financiar o voto impresso), Ricardo? Deixa de ser irresponsável? Vai tirar da vacina?”, rebateu um deputado.