O circular discurso da renovação política pode não surtir efeito nas eleições municipais de 2020, principalmente aos postulantes à Prefeitura de Londrina. É pouco provável que um novo nome de peso possa ofuscar a reeleição do prefeito Marcelo Belinati (PP), segundo Elve Cenci, renomado analista político e professor de ´Ética e Filosofia Política na Universidade Estadual de Londrina.
Para ele, o cenário político municipal de 2020 está praticamente configurado. Ou seja, a disputa será entre Belinati e algum nome alinhado “mais ao centro”. “Muitos sonham com um novo fenômeno `Nedson´ ou ´`Kireeff”, diz Cenci.
O analista se refere a Nedson Micheleti (PT) e Alexandre Kireeff (então PSD), que saíram de minguados percentuais das pesquisas de opinião público e se elegeram prefeitos de Londrina. Micheletti foi eleito no segundo turno das eleições de 2000. Kireeff venceu Marcelo Belinati, no pleito de 2012.
O prazo final para registro de candidaturas na Justiça Eleitoral, vence em 26 de setembro. Em função da pandemia do novo coronavírus, o primeiro e o segundo turno das Eleições Municipais deste ano vão acontecer, respectivamente, nos dias 15 e 29 de novembro.
Confira a primeira parte da entrevista concedida pelo analista político Elve Cenci, à reportagem do 24 Horas. A segunda e última parte será publicada na edição de quinta-feira (16).
Como estaria se desenhando, se esboçando o cenário das eleições municipais de 2020 em Londrina? Alguma novidade à vista?
O cenário eleitoral está praticamente desenhado. A disputa deve ficar mesmo entre Marcelo Belinati, talvez Boca Aberta (a situação jurídica está praticamente sacramentada em desfavor dele) e outros nomes mais ao centro, que sonham com um novo fenômeno “Nedson”[Nedson Micheleti, eleito em 2000, pelo PT] ou “Kireeff” [Alexandre Kireeff, eleito pelo PSD em 2012]. Marcelo conduziu a administração com muito cuidado pensando na reeleição. Soube escolher um secretariado que equilibrasse indicados políticos e pessoas com perfil mais técnico. Ao longo da sua administração não houve escândalos de corrupção. Tem, é claro, o passivo político do aumento do IPTU, cuja fatura será cobrada nas urnas. Mesmo com decisões um pouco confusas, Belinati tem conseguido administrar a pandemia.
A pandemia teria peso nas próximas eleições?
A pandemia pode ser o fiel da balança no dia da eleição. As pessoas se sentem vulneráveis e querem que as lideranças tomem decisões acertadas e que as protejam. Quem acertar poderá colher dividendos eleitorais. Quem errar, a exemplo do [presidente Jair] Bolsonaro, pagará o preço das escolhas.
Um “novo nome” poderia surpreender?
Não acredito em nomes novos com peso político. Os nomes que aparecem até o momento são pouco conhecidos do grande eleitorado e não terão tempo para circular entre as pessoas e se fazer conhecer fora das redes sociais. E eleição municipal ainda depende muito do cabo eleitoral do bairro, da visita, do contato pessoal.