A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quarta-feira (03), o ex-ajudante de ordem de Jair Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid, em Brasília. Ele foi encaminhado para a sede da PF na capital.
Também foi cumprido um mandado de busca e apreensão na casa do ex-presidente Jair Bolsonaro, no Jardim Botânico, em Brasília. O ex-presidente mora na residência com Michelle Bolsonaro e a filha Laura. Eles tiveram os celulares apreendidos pelos policiais.
As ações fazem parte da Operação Venire, deflagrada nesta quarta-feira e que apura a falsificação de dados sobre a vacinação de Bolsonaro, Michelle e da filha, que teriam sido inseridas de maneira criminosa nos sistemas do Ministério da Saúde (SI-PNI e RNDS).
Max Guilherme e Sérgio Cordeiro, assessores de Bolsonaro que trabalhavam no Planalto, também foram presos. A PF também prendeu o secretário municipal de Governo da cidade de Duque de Caxias (RJ), João Carlos de Sousa Brecha.
A cidade se envolve na investigação porque um dos registros encontrados no sistema da Saúde sobre a vacinação de Bolsonaro foi feito em um posto de saúde do município fluminense. Nesse posto, também houve um registro de que o ex-presidente teria sido vacinado contra a Covid-19 no local, e a investigação apurou que se tratava de um dado falso.
No total, são cumpridos seis mandados de prisão e 16 de busca e apreensão, incluindo o endereço de Bolsonaro. A operação está no âmbito do inquérito das milícias digitais, do Supremo Tribunal Federal, e foi autorizada pelo ministro Alexandre de Moraes.
Entre os alvos de buscas está o deputado federal Gutemberg Reis (MDB-RJ), irmão do ex-prefeito de Duque de Caxias, Washington Reis, que é atual secretário estadual de Transportes no governo de Cláudio Castro. Gutemberg está em Brasília, segundo sua assessoria.
A filha e a esposa de Mauro Cid também estão envolvidas na investigação da PF, porque teriam tido seus dados de vacinação adulterados também.
Uma fonte da polícia ainda informou que a filha mais nova de Bolsonaro, Laura Bolsonaro, teria dados alterados na carteira de vacinação contra a Covid-19.
A PF aponta no inquérito que o objetivo do grupo seria “manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19”.
No total são cumpridos 16 mandados de busca e apreensão e seis de prisão preventiva em Brasília e no Rio de Janeiro. A Polícia Federal mencionou que, além da análise do material apreendido durante as buscas, são realizadas oitivas de pessoas que tenham informações a respeito dos fatos que estão sendo apurados.
“As inserções falsas, que ocorreram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, tiveram como consequência a alteração da verdade sobre fato juridicamente relevante, qual seja, a condição de imunizado contra a Covid-19 dos beneficiários”, explicou a PF em nota.
“Com isso, tais pessoas puderam emitir os respectivos certificados de vacinação e utilizá-los para burlarem as restrições sanitárias vigentes imposta pelos poderes públicos (Brasil e Estados Unidos) destinadas a impedir a propagação de doença contagiosa, no caso, a pandemia de Covid-19”, acrescentou.
Os fatos investigados configuram os crimes de infração de medida sanitária preventiva, associação criminosa, falsificação de documentos e corrupção de menores.
Outro lado
A defesa do tenente-coronel Mauro Cid disse que ainda não obteve acesso ao inquérito que é “físico e sigiloso”. A defesa do ex-presidente Jair Bolsonaro também não se pronunciou.
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