Após a debandada provocada pela saída de Cesar Silvestri do Podemos, impopular prefeito de Paranaguá, Marcelo Roque, foi o nome escolhido pela integrar a nova direção estadual ao lado do senador e pré-candidato a reeleição Alvaro Dias, que assume a presidência, e também do ex-procurador da República Deltan Dallagnol.
Marcelo Roque foi reeleito em 2020, mas não alcançou a maioria dos votos, que se dividiu entre outros candidatos na disputa daquele ano. Roque agora é vice-presidente estadual da legenda, mas mais atrapalha do que ajuda os planos do partido, que pretende ter no Paraná o principal palanque para Sergio Moro à presidência.
O diabo é que a chegada de Marcelo Roque ameaça provocar uma debandada de partidários – sobretudo, nas maiores cidades do interior do Paraná, que esperavam mais prestígio por parte da direção estadual.
O resultado é que a impopularidade de Roque pode derreter de vez o nome de Alvaro Dias na disputa pela permanência no Senado, e ainda causar danos ao palanque político de Moro no estado.
Marcelo Roque não tem problemas Judiciais, o que é um ponto positivo. Por outro lado, os problemas morais são os que justamente afetam diretamente o discurso limpinho do Podemos sobre combate a corrupção e corte de regalias políticas – tais quais, carros oficiais, super salários e nepotismo.
O prefeito de Paranaguá, por exemplo tomou atitudes questionáveis à diretriz “moralmente ilibada” do Podemos, como aumentar o próprio salário para R$ 26 mil durante a pandemia, e ainda abrir a compra de um carro oficial de luxo ao custo de mais de R$ 300 mil.
Nada ilegal, mas totalmente contrário ao discurso de Renata Abreu, que agora enfrenta problemas na unificação partidária justamente no estado de Moro, seu principal produto.

NEPOTISMO
Marcelo Roque é conhecido em Paranaguá por empregar a própria família em cargos de alto escalão na gestão municipal, e também no governo de Ratinho Junior. No total, a família do prefeito recebe mensalmente rendimentos que somam R$ 103 mil em salários.
Não bastasse apenas o aumento concedido a ele próprio no fim de 2021, Marcelo Roque também emprega o filho, Bryan Roque, a esposa, Amanda Roque, o irmão, Marcus Elias Roque, a sobrinha, Camila Roque, e a filha, Brenda Roque em cargos cujo os salários são maiores do que R$ 10 mil.
Bryan Roque, por exemplo, tem cargo comissionado na Assembleia Legislativa do Paraná, com remuneração bruta de R$ 18,8 mil, e ainda acumula a função de gestor do time do Rio Branco de Paranaguá. A irmã de Bryan, Brenda Roque, por sua vez é nomeada na Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Portos do Paraná), vinculada ao governo do estado, também com um salário elevado de R$ 17,4 mil.
A esposa, Amanda Roque, e a sobrinha, Camila Roque, ocupam cargos na prefeitura de Paranaguá, com rendimentos mensais superiores a R$ 15 mil. Amanda e Camila são secretárias de Marcelo Roque, sendo Amanda nomeada em 30 de dezembro do ano passado, enquanto que Camila está desde o início da gestão na Secretaria de Comunicação Social.
Por fim, Marcus Roque, que já foi vereador em Paranaguá e teve o mandato cassado, é nomeado na Secretaria de Desenvolvimento Sustentável e Turismo, com um salário mensal de R$ 12,2 mil.
Só em salários somados, a família do prefeito recebe mais de R$ 1 milhão por ano.
DEBANDADA NO INTERIOR
Nessa toada da chegada de Roque, a reportagem conversou com partidários do Podemos que em off, afirmaram estar de saída do partido, não só pela decepção sobre o nome escolhido, mas também pela descrença sobre o projeto de Dias, já que a campanha de Guto Silva se mostra mais viável e acolhedora.
Boa parte deve migrar para o PSDB, junto com Cesar Silvestri, enquanto outra parte estuda se aninhar no barco do PSD, de Ratinho Junior, e embarcar de cabeça no time de Guto Silva, que já foi declarado candidato do governador ao Senado Federal, em prejuízo a Alvaro Dias, que dessa vez terá dificuldades para continuar na cadeira – já que os nomes que agora o circundam, não tem credibilidade.