CURITIBA – O atual secretário chefe da Casa Civil do governo do Paraná, Guto Silva (PSD), recebeu R$ 100 mil em dinheiro vivo, por meio de propina, para a campanha eleitoral de 2014, quando foi eleito deputado estadual. A afirmação é do ex-diretor geral do Departamento de Estradas e Rodagem (DER-PR) Nelson Leal Júnior, em delação premiada para a Operação Integração, que investiga irregularidades nos contratos de pedágio no Paraná.
Nelson contou que em 2014, o ex-presidente da concessionária Triunfo Econorte, Hélio Ogama, recebeu um recado do então secretário de Infraestrutura e Logística do estado, José Richa Filho, irmão do ex-governador Beto Richa (PSDB), para que repassasse R$ 100 mil à então campanha a deputado estadual de Guto Silva.
Ogama confirmou o pagamento em depoimento à Justiça.
“Ele [Nelson Leal] pediu para uma ajuda política que seria para um deputado ou um candidato, que seria R$ 100 mil. Eu dificultei um pouco, mas devido a várias insistências eu arrumei pra ele R$ 100 mil e entreguei na sala dele”, afirmou o ex-presidente da concessionária.
Leal Júnior e Ogama são delatores na Operação Integração, um desdobramento da Lava Jato.
Conforme a delação de Leal, o dinheiro foi entregue por Ogama, que repassou no mesmo dia do pedido, os R$ 100 mil a Guto Silva na sala do ex-presidente do DER.
Na época, Guto era candidato pelo PSC, onde o atual governador Ratinho Júnior (PSD) também estava filiado na ocasião.
OUTRO LADO
Guto Silva, que foi reeleito deputado estadual em 2018, mas pediu licenciamento do mandato para assumir a chefia da Casa Civil no governo Ratinho Junior, se disse surpreso com as informações da delação de Nelson Leal Júnior.
“Eu sempre defendi a transparência que qualquer homem público pode e deve ser investigado e eu não sou exceção. É por isso que eu estou triste e indignado com a situação e confio no trabalho do Ministério Público e da Justiça para que eles possam trazer toda a verdade”, afirmou Guto Silva.
A defesa de Hélio Ogama informa que já se posicionou sobre o assunto ao assinar o acordo de delação e em depoimento à Justiça.
Nelson Leal Júnior, por sua vez, afirmou que “vai continuar colaborando com a Justiça, esclarecendo os fatos eque são objeto das investigações e processos judiciais.”
A Triunfo Econorte informou que não comenta investigações envolvendo executivos e ex-executivos.
José Richa Filhou não se posicionou à reportagem do 24H.