Um júri popular realizado nesta quarta-feira (20) em Londrina decidiu pela prisão por 19 anos e 3 meses de Ailton Jacinto Camargo pela morte da companheira, identificada como Marli Piraí, mulher indígena que tinha 21 anos na época do feminicídio.
Ailton, que também é indígena, foi acusado pelo crime de homicídio qualificado como feminicípio com os agravantes de motivo torpe e meio cruel empregado para matar a vítima. Ele deve ser preso em regime fechado, conforme decidiram os jurados.
Marli, que é da etnia Kaingang, foi atacada por Ailton, da etnia Guarani, na madrugada de 20 de abril de 2019. O crime aconteceu na Reserva Indígena Apucaraninha, em Tamarana, na região de Londrina.
O Ministério Público diz que Ailton aplicou diversos golpes à cabeça de Marli, que fizeram com que ela perdesse massa encefálica e entrasse em coma. A jovem morreu dias depois, em 5 de maio daquele ano.
De acordo com o Observatório de Feminicídios de Londrina (Néias), a relação de Marli e Ailton foi marcada por idas e vindas e ciúme obsessivo por parte do assassino. A cunhada, a irmã e a mãe da vítima afirmaram, durante a fase processual de instrução, que Marli já havia tentado terminar algumas vezes, mas Ailton não aceitava.
DEFESA DIZ QUE INDÍGENA SOFREU SANÇÕES
Para contornar a condenação, a defesa de Ailton disse que, pelo fato do acusado ser indígena, não teria discernimento suficiente para saber o que estava fazendo quando cometeu o crime.
O advogado também diz que, pelo caso envolver povos indígenas, um laudo antropológico deve ser feito para comprovar as sanções já aplicadas pela aldeia à qual Ailton fazia parte, e isso por si só seria suficiente para condenar o assassino pelos atos que cometeu.
A defesa também pede que o acusado não seja submetido ao Código Penal Brasileiro, já que teria sido expulso definitivamente das comunidades que residia, e foi proibido de participar de atos culturais e fazer comércio.