Morreu neste domingo (30) em Londrina Cidnéia Aparecida Mariano, aos 35 anos de idade. Néia, como era carinhosamente conhecida, foi vítima de uma tentativa de feminicídio em 2019 e ficou tetraplégica após ser violentamente agredida pelo ex-companheiro Emerson Henrique de Souza, que está preso depois de ser condenado a 23 anos de cadeia.
A história de Néia ganhou repercussão nacional. Ela foi espancada e abandonada em uma estrada rural no distrito da Warta, na Zona Norte de Londrina. A mulher que na época tinha 33 anos sofreu ferimentos gravíssimos e ficou com sequelas irreversíveis. Emerson tentou assassiná-la por meio de asfixia, mas não conseguiu, e deixou a vítima em estado vegetativo.
Segundo familiares, Néia tentava amigavelmente romper a relação com o então namorado. Ele recusava-se a deixar a casa dela, e isso teria sido a motivação do crime. A mulher deixou quatro filhos, e se tornou símbolo na luta contra a violência à mulher ao feminicídio.
“Não foi a Covid-19 que levou a Néia de nós. Foi o vírus do machismo, criado e cultivado pela sociedade. O fim da vida de Néia teve início em 09 de abril de 2019, quando ela decidiu pôr fim ao seu casamento. Sem admitir que Néia pudesse ter vida própria, sem sua participação, Emerson tentou matá-la por asfixia“, disse Silvana Mariano, irmã da vítima.

SOBREVIVEU, MAS SEM VIDA
Como que um milagre, Néia sobreviveu às agressões. Ficou por dois meses no hospital, mas saiu de lá sem movimentar os membros e sem falar. “Acreditamos na sua reabilitação, mas a esperança foi se desfazendo aos poucos”, disse a irmã, lamentando a situação que a violência causou na mulher, que tinha sonhos e toda uma vida pela frente.
Apesar de todo o cuidado, ela não resistiu e definhou em uma cama. “Néia foi vítima de feminicídio consumado“, afirma Silvana revoltada.
“Vá em paz minha irmã. Aqui faremos a luta para que outras mulheres possam livremente romper um casamento em segurança”
