O WhatsApp rapidamente se tornou um dos aplicativos mais importantes no mercado brasileiro: instalado em mais de 92% dos smartphones ativos no país, o mensageiro da empresa responsável pelo Facebook conquistou as conversas com amigos e familiares, empresas, atendimento ao público, intimidades entre casais, grupos de escolas, condomínios e faculdades, e muitos outros aspectos de nosso cotidiano.
É também no WhatsApp que alguns usuários armazenam cópias de suas fotos, arquivos importantes e até mesmo dinheiro. Com tamanha importância e dados particulares em um único aplicativo, uma preocupação naturalmente pode despertar: é possível que minha conta do WhatsApp esteja sendo espiada?
Vídeos divulgados em plataformas como o TikTok oferecem respostas contraditórias – e na verdade a resposta é mais complexa do que possa parecer.
Confira a explicação de especialistas em segurança digital e mantenha seus dados do WhatsApp protegidos contra os olhos de terceiros.
Como funciona a proteção do WhatsApp?
Dada a relevância dos dados armazenados no aplicativo e seu grande número de usuários, sua desenvolvedora, a Meta, inclui uma série de mecanismos de proteção no aplicativo que buscam evitar que terceiros possuam acesso às mensagens de seus usuários. A primeira etapa deste processo é a aplicação da criptografia em trânsito – conforme explica a ExpressVPN, a criptografia é uma técnica matemática que protege um conjunto de dados com uma “chave secreta” conhecida apenas por quem envia a mensagem e por quem a recebe. Isso significa que mensagens enviadas pelo WhatsApp não podem ser lidas por um hacker que acessa a mesma rede Wi-Fi – mesmo em redes desprotegidas como em aeroportos ou cafés. Além disso, organizações governamentais ou criminosos não são capazes de interceptar as mensagens de um usuário – a menos que consigam acesso direto ao smartphone da vítima.
Outra camada de segurança do aplicativo é a possibilidade de definir a autenticação de dois fatores – normalmente, o login na plataforma é feito através do recebimento de um SMS com o código de confirmação, no entanto, usuários preocupados com a segurança do aplicativo podem definir uma senha adicional de seis dígitos que será exigida sempre que um novo aparelho tentar se conectar ao serviço de backups ou mensagens do WhatsApp, evitando o acesso por terceiros.
Aplicativo espião monitora cônjuges e crianças
Graças às tecnologias de proteção em trânsito, o WhatsApp é capaz de garantir a segurança das mensagens contra invasores através da rede de internet ou interceptação de backups – no entanto, o aplicativo não possui controle sobre o sistema operacional do celular que o executa, e este é o verdadeiro ponto fraco que pode ser explorado para espionar o WhatsApp.
Amplamente disponíveis com grande variedade de recursos e preço, aplicativos de monitoramento instalados no smartphone alvo podem monitorar todas as mensagens, notificações e arquivos recebidos, permitindo que outra pessoa monitore detalhadamente todas as informações de forma remota – sem que haja o conhecimento do proprietário da conta. Empresas responsáveis por estes serviços pedem que seu uso seja apenas por pais e responsáveis para monitorar o celular de crianças ou por empresas para controlar o uso de smartphones de trabalho. No entanto, é frequente o relato do abuso destas tecnologias para monitorar o celular de parceiros em um casamento, ex-relacionamentos, jornalistas, concorrentes de outras empresas, entre outros atos criminosos.
Em aparelhos com o sistema Android, o aplicativo espião pode ser instalado rapidamente de forma camuflada – o app omite seu próprio ícone e notificações, e se camufla como um aplicativo do sistema como a central de ajustes ou a calculadora.
No iPhone, por outro lado, o app espião precisa instalar um perfil de gerenciamento que, embora não seja imediatamente visível, é fácil de ser descoberto pela vítima no menu de Ajustes do aparelho. Em ambos os casos, é preciso que o espião tenha acesso ao celular de sua vítima para instalar e configurar o aplicativo – portanto, é importante não permitir que seu smartphone seja desbloqueado na presença de terceiros, e jamais deixá-lo com a tela ligada em cima de uma mesa ou em outra posição de fácil acesso.
Caso suspeite que seu aparelho esteja sendo monitorado, é fundamental executar a restauração aos padrões de fábrica para eliminar todos os aplicativos – incluindo os ocultos.
Clonagem de WhatsApp pode ser um risco
Apesar das proteções criptográficas que impedem interceptação das mensagens, e o fato de aplicativos espiões exigirem acesso direto ao smartphone da vítima, há uma modalidade de golpe capaz de obter acesso completo à conta do WhatsApp independentemente da distância e contato – a clonagem de chip de operadora.
Neste caso, o golpista utiliza contatos pessoais dentro de operadoras de telefonia móvel ou realiza ligações simulando ser um representante de uma loja oficial, e através da manipulação de um atendente, obtém uma cópia do cartão SIM de operadora de sua vítima – o chip SIM está asssociado ao número de telefone e pode, portanto, receber o código de SMS que é utilizado pelo WhatsApp para liberar acesso à conta. Com uma cópia do chip em mãos, é possível acessar a conta da vítima em outro celular.
A boa notícia é que o golpe pode ser inteiramente evitado através do uso da senha de autenticação de duas etapas, que pode ser habilitada no menu de ajustes do WhatsApp e é altamente recomendável para todos os seus usuários.
Espiar uma conta do WhatsApp é possível – no entanto, os métodos são limitados e podem ser combatidos pelos usuários. Garantir a segurança e privacidade da conta do WhatsApp e de seu smartphone é uma etapa fundamental para o cotidiano ultraconectado em que vivemos.