Há mais de 60 anos operando o transporte coletivo em Londrina, a TCGL – Transportes Coletivos Grande Londrina – deve encerrar suas atividades. Tradicionalmente londrinense, a empresa perdeu a sua essência principal, a qualidade do serviço e a valorização da cidade, quando em 1997 foi transferida ao Grupo Constantino, do empresário Nenê Constantino, que também opera a Gol Linhas Aéreas e os transportes coletivos de Maringá, Apucarana e até de Campo Grande, no Mato Grosso do Sul.
Em Londrina, o grupo recentemente demitiu mais de 100 funcionários – todos atuavam como cobradores do transporte coletivo. O Sinttrol, sindicato que representa a categoria de motoristas e cobradores, denunciou demissão em massa e pediu a reintegração dos trabalhadores.
Sem disputar a licitação que escolhe a empresa que deve continuar operando o transporte coletivo da cidade, a Grande Londrina irá fechar, mas não totalmente. A empresa também detém a TIL, que opera as linhas metropolitanas que atendem Londrina, Ibiporã e Cambé.
INVESTIMENTOS
O Grupo Constantino é firmemente presente em Apucarana e mais ainda em Maringá, onde fez fortes investimentos na qualidade do transporte. Maringá ganhou até ônibus elétrico com a Transportes Coletivos Cidade Canção (TCCC) administrada pelo conglomerado.
Além dessas cidades, o Grupo Comporte – nome do conglomerado responsável pelas empresas de ônibus de Nenê Constantino – também opera empresas de transporte coletivo e rodoviário em mais de uma dezena de cidades no país, sendo modelo em muitas.
Foi apenas para Londrina que a empresa virou as costas.
Ameaçou demissões em massa, cortou gastos, reduziu a qualidade do transporte e chegou a ameaçar a retirar os ônibus das ruas – tudo para colocar pressão sob o processo de licitação – do qual não concorda com o custo máximo da passagem de R$ 4.25. Para a empresa ,o ideal é que o valor fosse de R$ 5.
Também foi a TCGL que propôs a ação judicial que culminou na condenação da cidade ao pagamento de R$ 120 milhões para as empresas. Dinheiro que será retirado de outras áreas essenciais, como o próprio transporte coletivo, que carece de fortes investimentos para que se chegue a um nível esperado de qualidade e eficiência operacional.
Certamente, porém, o encerramento em Londrina não afetará as empresas do grupo, cujo faturamento anual é estimado em mais de R$ 1.5 bilhão – valor próximo do proposto pela licitação de cerca de R$ 1.2 bilhão por 15 anos de concessão.
O contrato com a TCGL deve se encerrar em outubro.