O modelo de transporte público operado por ônibus elétricos embora já seja realidade, ainda representa uma parcela pequena da frota circulante no Brasil. Segundo a E-Bus Radar, plataforma colaborativa alimentada por diversas instituições de estudos do clima e da mobilidade, hoje são 351 unidades em operação no país, menos de 1% dos 385,5 mil ônibus nas cidades brasileiras.
Apesar disso, cada vez mais prefeituras investem nos veículos movidos a eletricidade, apostando na redução de custos da operação que hoje representam uma significativa parcela nos gastos com diesel por exemplo, o que encarece a tarifa.
Em 2022 a LatBus, principal feira de negócios do setor da América Latina, que aconteceu em São Paulo, mostrou a tendência de crescimento na participação dos ônibus elétricos. A chinesa BYD, por exemplo, iniciou este ano a fabricação dos modelos em sua planta em São Bernardo do Campo (SP), o mesmo exemplo foi seguido pela Mercedes-Benz, que começou a fabricar seu eO500U e a partir de 2023, mais duas marcas também iniciam a produção.
O primeiro chassi elétrico da Mercedes entra em linha com programação de pelo menos cem unidades já encomendadas e projeção de um mercado de 3 mil veículos até 2024.
“A estimativa considera demanda e desejo. Talvez, o volume não se realize, mas há muitas sinalizações”, observa Walter Barbosa, diretor de Vendas e Marketing da Mercedes-Benz.
“2022 é o ano no qual o ônibus começa a sair do papel com negócios efetivos. Ano que vem devemos ter volume superior a mil unidades.” finaliza.
A previsão de Barbosa é baseada no interesse de diversas cidades espalhadas pelo Brasil em adotar o ônibus elétrico no sistema de transporte público. Só a cidade de São Paulo planeja incorporar 2,6 mil unidades, em cumprimento ao cronograma da Prefeitura em ter pelo menos 20% da frota circulante composta por veículos elétricos até 2024.
“Há uma negociação em andamento de 500 unidades elétricas. Mas também tratativas com São Bernardo do Campo, Salvador (BA) e Vitória (ES)”, informa o executivo da Mercedes-Benz.
Tecnologia limpa
A encarroçadora de Caxias do Sul (RS) Marcopolo também deu passo firme em direção à eletrificação. A fabricante aproveitou a feira da LatBus para anunciar produção em série do Attivi, primeiro ônibus 100% elétrico da marca com chassi próprio.
A empresa espera fabricar imediatamente 30 unidades em diferentes configurações para várias regiões do País. O veículo soma quatro anos de desenvolvimento e, desde outubro do ano passado, esteve em testes práticos na região central de Santo André (SP).
“A tecnologia limpa é uma tendência mundial e o Attivi elétrico consolida estratégia de descarbonização da Marcopolo, com tecnologia predominantemente nacional e com foco na mobilidade brasileira”, resume Ricardo Portolan, diretor de Operações da companhia.
Já a Volvo planeja começar em 2023 a produção do seu chassi elétrico BLZ. É um produto global da marca, oferecido na Europa e atualmente sendo testado no Chile.
A princípio terá possibilidade de pacotes com 3, 4 ou 5 baterias e um ou dois motores elétricos, além de carrocerias de 9 ou 13,2 metros com capacidade para até 90 passageiros.
“O BZL traz toda a nossa experiência em ônibus elétricos, que há anos circulam na Europa”, conta Fabiano Todeschini, presidente da Volvo Buses América Latina. “Com esse novo chassi, poderemos contribuir para o transporte público sustentável também em outros mercados.”
Destinado às operações urbanas, o BZL entrega 300 km de autonomia e, como diferencial, permite recargas rápidas, de 6 minutos, por meio de um carregador de teto.
A Iveco é outra empresa que tem planos de oferta de ônibus elétricos. O candidato é o E Way, exposto no estande da marca.
Encontrado na Europa como produto integral, deve chegar por aqui apenas como chassi, conforme modelo de negócio da região. “No fim de 2023 devemos começar a preparar a rede para a eletrificação”, planeja Danilo Fetzner, diretor da Iveco Bus para a América Latina.
Redução de custos
Apesar de apresentar um custo maior em relação ao ônibus movido a diesel convencional, os modelos elétricos podem suportar uma vida útil maior, além de contribuir para a redução de gases poluentes e ainda, a curto prazo reduzir os custos operacionais das concessionárias.
Não depender do diesel, e somente da eletricidade, traz benefícios que podem impactar o passageiro, como a diminuição do preço das passagens, e a maior qualidade financeira para as companhias, que poderão investir em outras necessidades.
Em São José dos Campos (SP) a prefeitura planeja a partir de 2023 iniciar a renovação completa da frota, e espera que todos os ônibus da cidade sejam elétricos até 2026. A proposta é exatamente reduzir os custos e aumentar a qualidade e atratividade do transporte público.
Essa tendência também é observada em Curitiba, que iniciou os testes com veículos elétricos, e em Maringá, onde um veículo já está em operação na cidade.
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