O governador do Paraná, Ratinho Junior, entrou pela porta dos fundos de um evento político do PSD em Maringá para fugir de uma manifestação organizada por policiais indignados com sua gestão por causa da defasagem salarial e má condições de trabalho.
Ratinho esteve na cidade para prestigiar a filiação do deputado federal Luiz Nishimori no PSD. O evento aconteceu na Associação Cultural e Esportiva de Maringá.
Diante da informação da presença do governador, assim como em outras cidades, Ratinho Junior foi recebido com forte protesto dos servidores. Eles reclamam, entre outras coisas, do reajuste de 3% proposto pelo governo, e ainda da falta de benefícios básicos, como o pagamento de horas extras e jornada excessiva.
Ratinho já foi alvo de protestos em Londrina, Ponta Grossa, Foz do Iguaçu e Cornélio Procópio, onde tentou boicotar policiais determinando a troca de comando. A estratégia de boicote, no entanto, não deu certo e causou grande desgaste na imagem do governador, que reviu a posição.
Com a frente da Acema tomada pelo protesto, não houve outro jeito a não ser entrar pelo portão dos fundos do local. A atitude exaltou ainda mais os manifestantes, que disseram que o governador estava com medo de ser questionado pelos servidores.
PM É ATROPELADA
Durante o protesto, manifestantes na Avenida Kakogawa tentaram chamar a atenção da caravana que acompanhou o governador. Um Ford Focus com placas de Cianorte, e que estava se dirigindo ao evento, acabou por atropelar levemente uma policial feminina num princípio de confusão.
Apesar do incidente, a policial não sofreu ferimentos e passa bem. Não há informações se o carro faz parte da frota oficial do estado, ou se era um veículo particular.
DESCONTENTAMENTO
Segundo policiais, Ratinho Junior não cumpriu promessas de campanha em recuperar os vencimentos militares, que estão defasados em mais de 50%. Os PMs da reserva que participaram do ato disseram que desde 2012 os vencimentos deles não são corrigidos, fazendo com que a tropa perdesse poder de compra.
Alguns agentes relatam estarem trabalhando excessivamente, algumas vezes até fazendo bico, para que as necessidades básicas de suas famílias sejam atendidas. A situação faz com que haja ainda abalo psicológico, e aumento na taxa de problemas mentais e de saúde aos policiais.
Com a situação dramática, policiais da reserva e pensionistas acamparam na frente do Palácio Iguaçu, em Curitiba, onde estão há mais de 50 dias em apoio às demandas da tropa.
Ratinho Junior tem sido alvo de manifestações de policiais civis e militares, delegados, professores, funcionários da saúde e demais servidores do Paraná. A reposição de 3% foi ofertada para 22 categorias, mas o funcionalismo diz que a defasagem está entre 33% e 50%.
Fontes próximas do governador, afirmam que Ratinho Junior está irritado com os protestos e pode reagir com uma nova “caça às bruxas” na PM, tal qual aconteceu em Cornélio Procópio.